Ele revelou-lhe todos seus segredos
E ela lhe contou parte de suas angústias
E em segredo eles se encantaram.
Tudo pareceu correto e racional.
O "boa tarde" e o "até logo" foram iguais;
Não houve nenhuma novidade
E tudo pareceu tão natural.
E se o pensamento tivesse se escondido,
E os anjos tivessem cantado "Amem",
Haveria espaço para mais,
E alguma coisa teria ocorrido.
No caminho ele pensou consigo mesmo:
"Senhor: retire o Nada de minha solidão."
Desde então, o que soube dela foi muito pouco.
E tudo ficou meio a esmo.
E, de café em café, de cigarro em cigarro,
Eles ficaram como sempre estiveram:
Ela coma sua vida, ele com a dele.
Em pratos limpos e sem retalhos.
Sobre ela, nunca poderemos saber,
Mas sobre ele, há sempre velhas novidades.
Ele, que se confunde com ela, contigo e comigo.
Talvez ele nunca saiba o que dizer.
Mas, das suas dúvidas, sabe a altura.
Sabe que em cada fim de noite há um convite.
E em cada amanhecer há um "talvez"
E em cada voz há um canto: Aleluia.